O meu filho está a sofrer de bullying. E agora?

Por Soraia Queijo, Psicóloga e Mãe

Blog "Famílias No Bully"

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Sou mãe de 3.

Mantenho uma postura descontraída com quase tudo o que as/os envolve, mas há sempre dúvidas e é sobre isso que gostava de escrever. 

A sensação que tenho enquanto mãe é que a cada dia vai sendo maior a influência externa, são cada vez mais do mundo, vão absorvendo e tomando conhecimento de mundos para além daquele que lhes damos. Quero com isto dizer que a base que se constrói em casa é importante, mas que não é a única e absoluta.

São muitos os casos de bullying que vou conhecendo através da minha experiência profissional enquanto psicóloga ou daquilo que me vou vendo e ouvindo através da comunicação social. 

Iniciamos o ano letivo anterior a aventura do 1.º ciclo e na primeira semana o meu filho é agredido por um colega da mesma idade. Uma vez e outra vez. E uma chuva de dúvidas nos invade, a nós pais, como agir, o que fazer. É bullying? Como isto aconteceu? 

E uma pergunta era recorrente: onde estavam, naquele momento, os adultos?

Ouvi. Ouvi com calma e tranquilidade. A ele, à irmã (são gémeos, da mesma idade e na mesma turma), ouvi um colega ou outro e para mim não houve dúvidas quanto à gravidade da situação e a necessidade de agir naquele momento. 

De tudo o que lhes tento transmitir há algo que friso vezes sem conta por acreditar que é mote de partida para que se alcance muitas outras coisas: o respeito. Por si e pelos outros. E, em consequência, a necessidade imperativa de preservar a sua integridade física e psicológica. Sempre. Contar a um adulto de confiança sempre que se sentirem invandidos. E naquele momento aquilo não estava a acontecer. 

 Senti-me perdida, não sabia bem o que fazer, se o meu coração de mãe estaria a exagerar. Não sabia que caminho seguir.  

Porque a verdade é que ouvia falar muito em bullying, li algumas coisas, tive conhecimento de outras, mas agora estava pouco certa de como agir e a doer-me porque o meu filho estava naquela situação. 

Pedi para falar com a professora numa manhã, após o terceiro episódio de agressão. Contei o que tinha acontecido, a professora disse que não sabia de nada, que ele não tinha contado. A situação resolveu-se de imediato: a professora, extraordinária, falou com o outro miúdo e o meu filho, com a outra professora e resolveu-se. Mas... e se não se tivesse resolvido?

Senti-me perdida, sem saber exatamente o que fazer e penso que este sentimento será transversal a todo o exercício da parentalidade desde que o mundo é mundo. Neste sentido, é essencial a partilha, partilha entre mães e pais, escola e instituições uma exposição honesta daquilo que são os desafios, as dificuldades e as dúvidas e é necessário que esta partilha aconteça para que se normalize, sem medos, os medos. 

Porque é importante percebermos a melhor forma de agir e porque nunca estamos preparados para tamanha responsabilidade esta de ser mãe e pai, de querer fazer sempre certo, seja lá o que isso for. 

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