Novo ano, novos desafios – 5 dicas para Pais e Mães

Por Inês Andrade, Presidente da No Bully Portugal. 

30/09/2024

Blog "Famílias No Bully"

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Voltar à escola depois de mais de 2 meses de férias pode ser muito entusiasmante para algumas crianças, mas muito stressante para outras. Especialmente se vão mudar de escola, ciclo ou turma! Tanta mudança de um dia para o outro. 

As preocupações podem encher-lhes as cabeças: 

  • “Será que vou conseguir fazer amizades?”,
  • “Será que vou ter boas notas?”
  • “Agora vou ser das crianças mais novas, como me vão tratar as mais crescidas?”
  • “Aposto que os professores vão ser muito exigentes…”
  • “Com tantas aulas e TPC’s, quando vou ter tempo para brincar!?”

Para além das mudanças no exterior, os seus interiores também estão em mudança. A puberdade começa a chegar, para uns mais cedo para outros mais tarde, a curiosidade pela sexualidade tende a surgir, as paixonetas e os namoricos tornam-se tema central de conversa. Com isto surge também a necessidade de pertencer a um grupo, de ser popular, de encontrar o seu lugar na “hierarquia social”. E a partir daí, os comportamentos de bullying podem instalar-se sem ninguém dar conta.

Calma, não estou a tentar assustar os pais! Mas se pensavam que os filhos já tinham entrado em “piloto automático” e só precisavam de os lembrar de fazer os trabalhos de casa, estão muito enganados! 

Esta é uma idade fulcral, na qual os vossos filhos vão precisar de apoio e acompanhamento, mesmo que pareça que já não querem. Neste período de transição da infância para a adolescência, eles vão ter muitas dúvidas, testar muitos limites e errar muito! E é essencial ajudá-los a criar hábitos saudáveis e relações positivas. 

Cada criança passa esta fase de forma diferente, para algumas são os melhores anos da juventude, para outras são os anos negros que preferem esquecer. 

Para mim, não foram anos fáceis, daí saber o quão importante é o apoio dos pais nesta fase.

gMudei de escola sozinha, para uma turma onde quase todos já tinha grupos formados. Não me identifiquei à partida com os meus colegas, e demorei muito a encontrar o meu lugar.  

Comecei a relacionar com um grupo de colegas de outra turma, mas também aí me sentia desconfortável, as relações eram tóxicas e o bullying era dissimulado, mas sempre presente. Acabei por me dedicar à escola e concentrar-me em ter boas notas, o que me ajudou a lidar com as frustrações da vida social. Só mais tarde consegui encontrar boas amizades e pessoas que gostavam de mim na minha turma.

Agora, no meu trabalho como Presidente e formadora da No Bully Portugal, passo tempo com muitos crianças e vejo facilmente situações semelhantes: onde certas crianças são excluídas por serem novas ou diferentes, onde as mais velhas se aproveitam das novas para lhes pagarem o lanche ou ficar-lhes com a bola de futebol, onde as agressões e os insultos aos mais frágeis são recorrentes. 

Apesar de tudo isto que observo, vejo também um grande potencial de bondade, afeto, respeito e amizade nestas crianças! Mas tal potencial só é libertado se a sua envolvente for positiva, e os pais e as mães são os primeiros exemplos e pontos de apoio. 

Dicas para ajudar a sua criança

  1. Conversar sobre as suas expectativas e receios – por muito que queiramos generalizar, cada criança é única, só se conversar com a sua é que vai saber o que lhe vai na cabeça. Com calma, pergunte-lhe como acha que vai ser este novo ano, se sente ter preparação suficiente, se tem alguma preocupação. Temas como as amizades, as aulas, os/as professores/as, as atividades extracurriculares, entre outros, podem ser interessantes de explorar. Tente lembrar-se da sua experiência nesta idade, o que o preocupava? O que ajudou?
  2. Relembre que pode contar consigo – é sempre um conforto saber que a nossa família está lá para nos apoiar quando as coisas não correm bem! Mostre-lhe que pode falar consigo sobre qualquer problema e que irá ajudar a encontrar uma solução, mesmo quando fez algo de errado. Se ela tiver receio de ser castigado ou duramente repreendida, a criança vai preferir não contar, e assim se corta a confiança e a comunicação. Com isto não digo que lhe dê uma palmadinha nas costas se ele faltar às aulas sem razão, claro! Mas perceber porque o faz e encontrar uma forma para não o repetir é o mais importante. 
  3. Ensine a estar em grupo e a escolher boas amizades – “como sei se ele é mesmo meu amigo?”. Nem todos nascemos com a capacidade para fazer amizades por todo o lado em que passamos, alguns precisam de uma ajudinha! Uns pecam pela agressividade e afastam quem poderia ser seu amigo, outros facilmente se tornam submissos e aceitam abusos, e há também quem se isole do mundo e fique à espera que venham ter consigo. Pergunte-lhe com quem costuma estar mais, o que gosta de fazer nos intervalos, com quem se senta nas aulas… Fale-lhe do que é uma boa amizade e como conhecer pessoas diferentes de si.
  4. Mostre-lhe que aprender é divertido e entusiasmante – ao mudar de ciclo, a exigência dos professores dá um grande salto, os TPC’s aumentam e o tempo para brincar reduz consideravelmente. “Que seca!” diria a maioria dos miúdos. É verdade, algumas aulas podem ser uma “seca” e ninguém gosta de ter mais trabalho de um dia para o outro. Sentindo-se mais à vontade, há mais espaço para explorar as aplicações que as matérias têm na vida real, por exemplo a Matemática nas contas do supermercado, ou as Ciências no parque ao pé de casa, ou o Inglês nos filmes que ele mais gosta - tanta coisa interessante para aprender! Elogie os seus esforços e faça a sua criança sentir-se orgulhoso de si mesma pelas pequenas vitórias. 
  5. Motive a envolver-se em clubes e desportos –estes momentos podem ser muito benéficos para fortalecer amizades e desenvolver competências que completam a sua educação. E são uma excelente alternativa a ficar as tardes a ver televisão ou jogar computador. Explorem as opções em conjunto e motive a sua criança a experimentar coisas novas, dentro daquilo que mostra interesse. No entanto, evite preencher 100% do tempo livre com atividades, deixe espaço para relaxar em família!

 

Com estas 5 dicas, que não pedem um grande esforço nem muito tempo, poderá fazer uma enorme diferença na vida da sua criança, nesta sua fase de adaptação tão importante! Vai experimentar? 😉

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